O produto é resultado do mestrado em ensino das ciências ambientais desenvolvido na associada UFPE

Por Gustavo Cardoso

Você já ouviu falar em água virtual? Não? Este e outros assuntos ligados ao uso sustentável da água você vai encontrar ouvindo o podcast “Hidrocast”, mídia criada por Marcelo Rocha, aluno do Programa de Pós-Graduação em Rede Nacional para Ensino das Ciências Ambientais (PROFCIAMB). O programa é um produto tecnológico resultado da dissertação que Marcelo defendeu na associada da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), com orientação do docente Bruno Severo Gomes.

Rocha, que é professor da Educação básica, criou o conteúdo informativo para esclarecer sobre a importância da água como recurso vital após observar que muitos de seus alunos a desperdiçavam nas escolas, ocasionando escassez e suspensão parcial das aulas. Já a escolha pelo formato de Podcast se deu pelo fato dele ser fã dessa modalidade de comunicação, sendo que os alunos e a comunidade escolar o apoiaram na produção dos conteúdos, com ótimos resultados.

 “Os resultados mostraram que o hidrocast contribuiu para o aprendizado sobre a temática água com mais de 80% dos alunos participantes. Além disso, mais de 84% dos docentes que ouviram os episódios afirmaram que o material poderia contribuir com sua prática pedagógica. E o uso de metodologias de aprendizagem participativa pode fazer toda diferença na disciplina, motivação e aprendizagem dos estudantes”, afirma.

Foram gravados cinco episódios, ligados aos temas históricos, geográficos, políticos e de conscientização do uso sustentável desse recurso. Com o apoio de Marcelo, que propunha a temática, os estudantes do 9º ano conversaram, refletiram e produziram o roteiro com as discussões presentes nos episódios do podcast.

Entre os temas debatidos no Hidrocast está o da Água Virtual, relacionado ao consumo indireto da água nas cadeias produtivas. Um exemplo disso é que, para produzir um 1kg de carne bovina, são necessários 15.000 litros de água, enquanto que, para produzir uma camisa de algodão, são gastos em cadeia 200 litros.

Além disso, a iniciativa expõe como o tratamento da água influencia a geopolítica de uma região. Um caso emblemático é o do Rio Nilo, que percorre 10 países africanos, incluindo o Egito, e que contribuiu para o desenvolvimento da atividade humana nessa região. A manipulação desse recurso de maneira a favorecer apenas uma nação em detrimento de outras ocasionou em vários conflitos ao longo da história.

No cenário nacional, foram citados os rios Amazonas que possui grande parte da água doce, o São Francisco que percorre vários estados; também discutiram sobre a poluição que as vias fluviais estão sujeitas devido às atividades humanas.

Podcast como uma ferramenta de ensino

O orientador da pesquisa, professor Bruno Gomes, salienta a relevância do podcast como uma contribuição para o aprendizado sobre a temática. “Infelizmente, a água é tratada como se fosse abundante e infinita, quando, na verdade, trata-se de um bem natural esgotável, frágil e que, em alguns casos, já se apresenta como escasso. A proposta de utilizar um podcast como recurso didático, para tratar do desperdício da água, junto à comunidade escolar, é uma forma de promover engajamento em um dos temas ambientais mais preocupantes em muitas escolas, que é o desperdício e mau uso da água”. Em 2019, o Hidrocast foi apresentado na Feira de Conhecimentos da cidade de Jaboatão dos Guararapes (PE). A expectativa de Marcelo era produzir mais episódios do podcast, mas a pandemia impossibilitou a continuidade do projeto nos anos de 2020 e 2021.

Apesar da situação, o educador acrescenta que fará mais edições com escolas parceiras e aborda a relevância do formato como uma maneira de ensino e produção digital que pode ser feita por meio de aplicativos gratuitos: “A fase agora é formar professores para eu ensinar a metodologia, o projeto, para que eles possam atuar como agentes multiplicadores e gravarem os podcasts com os alunos deles em suas respectivas escolas”, afirmou.

Para saber mais sobre o Hidrocast, clique aqui. Para ler sobre a dissertação, acesse este link.

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