DISCENTE DA REDE PROFCIAMB ESTÁ NA ITÁLIA EM INTERCÂMBIO ACADÊMICO

19 de abril de 2022


 

Por Paula Penedo P. de Carvalho

 

Uma discente da Rede PROFCIAMB está passando seis meses em Pisa, na Toscana, Itália, em um intercâmbio acadêmico como parte de sua pesquisa de mestrado profissional em ensino de ciências ambientais. Juliana Fionda, da associada Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), viajou em outubro de 2021 com o objetivo de compreender a agricultura familiar nas comunidades rurais do país europeu, a fim de trocar ideias e experiências para agregar à sua pesquisa.

O mestrado de Juliana, que é formada em Turismo, trata-se de uma pesquisa-ação e envolve uma proposta de educomunicação ambiental para o público da agricultura familiar da região da Chapada Diamantina, interior da Bahia, onde ela mora, estuda e trabalha. Sua motivação surgiu ao perceber que, embora localizada num território essencialmente rural, a agricultura familiar está excluída do modelo hegemônico de desenvolvimento. Como consequência, os jovens filhos de camponeses estão se distanciando das atividades agrícolas devido à falta de perspectivas. 

De acordo com o professor Washington Rocha, orientador de Juliana, as universidades europeias trabalham com as comunidades rurais locais em diferentes projetos de pesquisa, financiados pela União Europeia. “Trata-se de uma excelente oportunidade no sentido não só de metodologia em si, mas na questão da abordagem, de técnica e de conteúdo. Ela quer conhecer de perto essas experiências para eventualmente aplicar ou modificar, contribuindo com o projeto que está desenvolvendo aqui no Brasil”.

Como produto do mestrado, sob a coorientação da professora Gislene Moreira, Juliana participa e pesquisa o Projeto Chapada Agroecológica – uma iniciativa colaborativa entre a Universidade do Estado da Bahia (UNEB), a Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e o Instituto Federal da Bahia (IFBA). Trata-se de um portal de comunicação voltado à construção de uma nova narrativa para o território da Chapada Diamantina. Quem produz o conteúdo são os estudantes dessas instituições, muitos dos quais são filhos de agricultores, com base nas reuniões coletivas, realizadas semanalmente, para discutir outras alternativas de desenvolvimento rural.

“Quais são as contradições que estamos enfrentando na Chapada Diamantina? Quais são as consequências da destruição dos fatores bióticos, abióticos e culturais para as comunidades rurais do território, principalmente com a ofensiva da mineração, do agronegócio e do turismo de massa?”, questiona a mestranda, destacando que é preciso problematizar a realidade.

O projeto Chapada Agroecológica é composto por um Blog, o Programa Bocapiu, transmitido pelo canal universitário TV Uneb Seabra, e uma Feira Virtual. O objetivo é dar visibilidade à agricultura familiar da Chapada Diamantina, construindo uma narrativa baseada em uma cultura agroecológica. Dessa forma, os estudantes pesquisam, entram em contato com os agricultores, os entrevistam e escrevem os artigos. Além disso, são eles que produzem o Programa Bocapiu, em que convidam os produtores para conversarem sobre temas que perpassam a realidade local da agricultura familiar, em parceria com a agricultora agroecológica e ativista local Brígida Salgado, que media o programa.

“A ideia é fortalecer a agricultura familiar, incentivar a agroecologia, apoiar a economia solidária, valorizar a cultura local e promover a educação ambiental. Com isso, nosso editorial aborda a agroecologia, o feminismo, a justiça ambiental, a economia popular e solidária, a saúde coletiva, a cultura popular, a inclusão social, a segurança alimentar e nutricional, entre outros temas”, relata Juliana.

 

Experiência na Itália

              Juliana com sua turma de mestrado na Universidade de Pisa

Juliana ficará na Itália até o mês de abril, com previsão de defesa para julho de 2022. Por ser um curso internacional, ela participa de disciplinas com estudantes de vários países do mundo, o que garante à mestranda uma troca de experiências e uma abertura intelectual muito grande. Como exemplo, ela cita a disciplina sobre políticas alimentares, que está ajudando a compreender como funciona a produção de alimentos em diferentes locais do mundo.

De acordo com a mestranda, o modelo brasileiro apresenta muitas semelhanças com outros países do sul global, com as maiores diferenças ocorrendo entre os países do hemisfério norte e sul. Na Itália, a discente está estudando no departamento de Agricultura, Alimentação e Meio Ambiente da Universidade de Pisa, o que vem possibilitando aprofundar seus estudos sobre áreas rurais. 

Mas os benefícios do intercâmbio vão além da experiência acadêmica. Juliana acredita que

passou por um grande crescimento cultural devido à oportunidade de morar e conviver com pessoas de costumes tão distintos e que geraram ganhos para além do conhecimento adquirido na universidade. “A oportunidade de residir em outro país, estudar com outros estudantes do mundo todo e experienciar culturas diversas é muito interessante, pois possibilita compreender outras perspectivas, outras visões de mundo”, relata.

 

A oportunidade

A oportunidade que Juliana recebeu para participar do intercâmbio foi a primeira conquista internacional da Rede PROFCIAMB. Ela ocorreu a partir de um edital do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (Fapesb) e a rede de Universidades Italianas, que lançaram uma Chamada Pública com bolsa para mobilidade na Itália. 

De acordo com Joselisa Maria Chaves, vice-coordenadora da associada UEFS da Rede PROFCIAMB, os mestrandos precisam estar atentos à possibilidade e aos benefícios de participarem de uma experiência no exterior. Embora a maioria dos intercâmbios acadêmicos seja voltada a discentes do doutorado, existem várias oportunidades como essa e, em geral, as universidades possuem setores especiais que auxiliam nesse sentido, como é o caso da Assessoria Especial de Relações Institucionais (AERI), na UEFS.

“Vale destacar que Juliana batalhou por esse espaço. Ela ficou sabendo da existência do edital e verificou a afinidade entre as linhas de pesquisa da Universidade de Pisa e o seu trabalho. Então eu acredito que essa é a primeira experiência, mas outros professores e estudantes podem vê-la como um exemplo e procurarem novas oportunidades”, finaliza a vice-coordenadora e Assessora Técnica da AERI-UEFS.