A TRANSFORMAÇÃO DO TRABALHO DO PROFESSOR: COANÁLISE DAS ATIVIDADES DOCENTES DURANTE A PANDEMIA COVID-19 ATRAVÉS DA CLÍNICA DA ATIVIDADE


Autor:

MARIA FERNANDA LOPES DE FREITAS

 

 

 

Orientador:

MANOEL FLORES LESAMA

 

Coorientador:

FLAVIA FAZION

 

 

 

Palavras Chaves:

Clínica da atividade

Instrução ao sósia

Trabalho do professor

Ciências ambientais

Pandemia COVID-19

 

 

Linha de Pesquisa:

Não Informado

 

Projeto Estruturante:

Não Informado

 

Instituição:

PROFCIAMB UFPR

 

Ano: 2020

Resumo:

 

A reflexão e análise conjunta com os docentes sobre seu trabalho é essencial para a manutenção da saúde e produção desses sujeitos, transformando-se no fortalecimento dos coletivos e na melhoria do dinâmico processo de ensino. Pensando acerca de tais questões, esta pesquisa teve como referencial teóricometodológico os conceitos da ergonomia do trabalho e da clínica da atividade desenvolvida por Yves Clot (2005, 2007, 2010a, 2010b, 2017) e Daniel Faïta (2002, 2004), sendo o método utilizado a Instrução ao Sósia (ODDONE, 2008; CLOT, 1999, 2007, 2010; ROGER, 2007, 2013). O objetivo foi coanalisar a atividade e as transformações da atividade dos professores sob os olhares dos próprios trabalhadores durante o período de suspensão de aulas presenciais devido à pandemia COVID-19. Por meio das análises, demonstramos que as professoras e professores participantes da pesquisa constataram a ocorrência de adaptações e substituições na organização do trabalho após a suspensão das aulas presenciais, de maneira a transformar a atividade docente durante o ensino remoto pandêmico. Diversos motivos levaram às transformações, sendo a interação o tema mais citado durante as discussões, seja como fonte de impedimentos e/ou como superações para a realização dos trabalhos prescrito e planificado, subdividido em: interações humanas, didático-pedagógicas, didático-tecnológicas, promotoras da saúde do trabalhador e como instrumentos psicológicos de aprendizado. Sobre as interações humanas, identificamos que, embora ambas as redes tenham aderido ao ensino remoto, de maneira geral e ao contrário da rede particular, as professoras e professores das redes públicas municipais e estadual não tiveram comunicação síncrona com seus alunos, resultando em pouca ou nenhuma interação com estes e os demais membros da comunidade escolar. Observamos nas interações didáticopedagógicas que houve adaptações das planificações pelas professoras da rede particular e substituições e/ou supressões das planificações para as professoras e professores da rede pública. Nas interações didático-tecnológicas, houve transformações tanto nos artefatos materiais, através da obrigatoriedade do uso dos meios digitais, quanto nos artefatos simbólicos, com a transformação inversamente proporcional à maior frequência com as quais as prescrições foram substituídas e o menor tempo que as professoras e professores tinham para reelaborá-las. Identificamos o aumento da frequência de alterações nas prescrições e a consequente diminuição da interação prévia com as mesmas, o aumento das tarefas burocráticas e a diminuição do tempo de interação necessária para o aprendizado dos novos instrumentos didático-tecnológicos relatados como as principais interações que diminuem o poder de agir dos docentes; enquanto o contato com os coletivos de trabalho possibilitam aumentar o poder de agir e, consequentemente, promover a saúde docente. As interações atuaram como instrumentos psicológicos, sobretudo através dos coletivos de trabalho, que se transformaram em espaços de formação coletiva e individual ou auto-formativa. Devido à falta de tempo para completar os processos de instrumentalização e instrumentação docente, constatamos que as professoras e professores realizaram durante todo o ensino remoto pandêmico “atividades reguladoras” (LIMA, 2010, 2016) ou, como especificamos para esse gênero profissional, atividades didático-reguladoras.

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